O TEATRO DA VIDA
Coadjuvante nos meus dias
crio um personagem tosco
troco o triste pelo burlesco
e no palco o falso rosto
Provoco um alvejado gesto
da boca que sempre mente
à lágrima que nela escorre
mascarando o descontente.
Dia e noite represento
esse incansável ator
oculto a miséria da alma,
mostrando-se prometedor
Sorrio um fortuito sorriso
invento alguma emoção
jogo flores em toda a mágoa
disfarçando a aflição.
Assisto a platéia ensandecida
ávida por qualquer desfecho
aplausos a toda a tragédia
e risos a cada tropeço.
Sobe o pano
cai a farsa.
LÍGIA SAAVEDRA
Publicado no Overmundo em 27.06.2010
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