sexta-feira, 24 de setembro de 2010
A cegueira foi sempre um drama, isso não se dá apenas no mundo contemporâneo, tomado pela visualidade total. A realidade é dura e pede olhos bem abertos para vencê-la. Não enxergar provoca sofrimentos, e, fatalmente, empurra o indivíduo para uma situação de desvantagem diante dos seus semelhantes. Mas os que nasceram de olhos fechados e assim permaneceram pela vida afora; os que vêem o mundo real como as “janelas embaçadas e quebradas” de um cenário ilusório, também aspiram a uma existência plena.
A cegueira é um tema sobre o qual não devemos fazer mistificações, não obstante ele próprio contenha uma dose de intrigante mistério. Ver ou não ver, eis a questão... Quem nunca se perguntou sobre esta realidade outra – desconfortável, inapreensível? Não poder ver é um enigma que no fundo atemoriza os videntes. Não basta imitar um cego, brincar de cabra-cega como na infância, pois as coisas no seu mundo escuro se passam de forma bem distinta do que imaginamos. Por outro lado, a sociedade mal enxerga os deficientes; os valores sociais estão cobertos pela “cegueira branca” da competição diária.
A análise que João Vicente Ganzarolli de Oliveira desenvolve no livro Do essencial invisível: arte e beleza entre os cegos esclarece muitos pontos que sempre permaneceram obscuros entre os que podem ver o mundo na sua fantástica visualidade, e até mesmo entre os que vivem o drama de não enxergar.
O autor é um filósofo-viajante que leva aonde vai uma parte do mundo na bagagem. Para compreender este mundo de tantas contradições ele viaja, pesquisa e estuda. Já percorreu lugares que foram destruídos pelas guerras e terremotos, desapareceram do mapa, mas ficaram registrados na memória. Aconteceu com um museu no Iraque, uma cidade de barro no Irã, um povoado na Cachemira, um símbolo sagrado em Machupichu.
Sobre o autor:
João Vicente Ganzarolli de Olveira é autor dos livros Arte e beleza no pensamento de Gerd Bornheim, EdUERJ, 2003; Índia submersa, Letra Capital, 2004; A humanização da arte: temas e controvérsias na filosofia, Edições Pinakotheke, 2009; Estética e vivência humana: temas e controvérsias na filosofia, Letra Capital/Faperj, 2008; Por que não eles?: arte entre os deficientes, Editora Cidade Nova, 2007; além do citado Do essencial invisível: arte e beleza entre os cegos, Editora Revan/Faperj, 2002.
Fonte:
www.joaodorio.com
Revista Internética
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