PARAENSES NOTÁVEIS - ANTONIA SANTOS FEIO

"Vendedora de cheiro" é uma tela que aborda o trabalho urbano de mulheres comuns, aquelas que há séculos circulam anônimas pelas ruas das cidades brasileiras vendendo guloseimas, lavando roupas e contradizendo velhas premissas sobre a submissão feminina e a sua reclusão no espaço doméstico. Ao mesmo tempo em que traz ao debate aspectos particulares do modo de vida e de questões sociais da região amazônica, essa mulher pode falar de qualquer outra e estar em qualquer parte do país.

Conhecer a obra da pintora Antonieta Santos Feio (1897-1980) é abrir espaço para se pensar outros contornos do movimento modernista no Brasil, além das fronteiras da Semana de 1922 em São Paulo ou dos grupos que se reuniram no Rio de Janeiro a partir da década de 1930. Isso significa, acima de tudo, provocar questionamentos sobre a desigualdade de políticas públicas e da situação econômico-social que marca as regiões brasileiras, e que pouco têm mudado ao longo dos anos. Essa tela pintada em 1947, a exemplo de tantas outras desconhecidas Brasil afora, chama a atenção para a necessidade de revermos esses padrões como forma de lutar por uma nação mais justa e igualitária".(Caroline Fernandes, mestranda em história na Universidade Federal Fluminense)


"Vendedora de tacacá" óleo sobre tela



Sobre a artista:
Nascida no final do século XIX no estado do Pará, a pintora Antonieta Santos Feio
deixou o Brasil por alguns anos para estudar pintura em Florença, na Itália, especializando-se em retratos. Após retornar a Belém, teve uma participação bastante ativa no campo artístico local: sua trajetória durante a primeira metade do século XX muitas vezes se confunde com o próprio processo de institucionalização das artes plásticas no Pará, de um lado, esteve presente nos principais eventos e instituições promotoras ao longo das décadas de 1920, 30 e 40, por outro, a aquisição de telas suas pelas principais pinacotecas públicas, do município e do estado, asseguraram o desfecho desse processo com a formação dos acervos e
posteriormente instituição dos museus.


Fontes:
Blog da Araceli